Mundialite: um caso de saúde pública

Portugal depara-se com uma nova epidemia altamente contagiosa e de erradicação difícil causada pela bactéria Streptococcus selecçaonae (estirpe resultante da mutação do gene mund-IAL do St. futebolaceae). A população alvo é a portuguesa (património genético lusitano preponderante) e atinge todas as faixas etárias. Inicialmente, acreditava-se na imunidade das mulheres mas a realização da “Mais bela bandeira” atirou por terra tal pressuposto.
Nos primeiros sintomas da Mundialite (como é conhecida a doença) os doentes:

1. colocam bandeiras de Portugal à janela;
2. gastam rios de dinheiro na compra de tvs com ecrãs plasma XPTO;
3. inventam desculpas para faltarem ao emprego e ficarem a ver os jogos;
4. insistem para que os outros moradores da casa tirem férias até dia 9 de Julho.

Quando começam a dizer as frases-tipo (“Portugal é o maior”, “Força Selecção” ou “Portugal será campeão”) deverá já desconfiar-se da 2ª fase: a da septicémia. Dado o tropismo da bactéria pelos neurónios, surgem lesões corticais responsáveis por acentuados défices no domínio do pensamento lógico. Os doentes deixam de reflectir convenientemente e passam apenas a preocuparem-se com futebol, jogos, selecções, lesões, faltas e opções de Scolari. Isolam-se cada vez mais da sociedade, passando horas a fio à frente de um televisor. Com o tempo, surge a irritabilidade e é normal ficarem possessos quando se esquecem de ouvir a Bola Branca/ Bancada Central ou passarem-se com as crises histéricas de identidade da/o companheira/o que diz “Isto assim não é vida” ou “Escolhe: eu ou o futebol!”. Atitudes destas só pioram a situação...
Faço votos para que seja encontrado o tratamento.

Bem, em altura de Mundial, resta apenas dizer:
Portugal é o maior!
Força Selecção!
Portugal será campeão!
.........ups... parece que já estou infectada.... Help meeeeeeeeeeeeee;)