quarta-feira, setembro 30, 2009

Já estou numerada!

Veio num papel azulinho, com selo branco e tudo e tudo e tudo. E dizia "sra dra", o que acho de muito mau gosto... era bem mais giro dizer "sra mestre" (integrada). E ainda mais giro seria dizer "mestre dos canabinóides"! Isso é que era!!!


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segunda-feira, setembro 28, 2009

Para a já-médica-limoa

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Qual foi o teu primeiro diagnóstico, qual foi?
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(Lemon_sees_the_light a disparatar durante o estudo do capitulo "doenças vasculares das extremidades", após ter avançado uns quantos...)
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domingo, setembro 20, 2009

Auto-estima

Aconteceu há pouco em frente a minha casa. Uma história como muitas outras. Uma história que nunca deveria acontecer.

Meia noite e meia. Ouvi um carro fazer uma travagem brusca e berros de uma discussão. Levantei-me da minha secretária e olhei pela janela. Um carro preto e berros, muitos berros. Uma discussão de namorados. Com palavras feias.

Voltei à minha secretária e pensei: "arrufos de namorados... logo vão embora". Mas não foram e a discussão aumentou e, mesmo que não quisesse, a uns 30 metros de distância eu ouvia tudo. O rapaz saiu do carro. Cabelo cheio de gel, pronúncia cerrada do norte. Deu uns pontapés ao muro do jardim do meu vizinho. Chamou-lhe p****, gritou-lhe que estava farto que ela f****** a cabeça dele com os problemas dela. Fiquei incomodada. Muito incomodada. Tentei adivinhar-lhes a idade. Ele deveria ter pouco mais ou pouco menos de 20 anos. E ela deveria ser bem mais nova como é costume por aqui. Ele entrava e saía do carro. Dela só se ouvia o choro e uma voz entrecortada pela respiração ofegante que suplicava "não me deixes.. depois arrependes-te". Na rua o silêncio absoluto. Um ou outro vizinho acendia a luz. Verificava que era uma briga de um casal. Desligava a luz. Sentada na minha secretária tentava regressar ao Harrison, convencida que ainda iria acabar em reconciliação acalorada. Mas não conseguia pensar em nada. A cada momento condenava a atitude subserviente da miúda e o traste do rapaz. E pensava na generalidade dos casais que conheço. Em quantos deles aconteceriam estas discussões com agressões verbais gravíssimas? E pensava em mim, claro. Pensava em como em quase 3 anos de um namoro nunca tinha acontecido uma voz mais alta, ou uma palavra mais feia. Discussões e desentendimentos foram vários. Humilhação nunca. Assim estava a questionar e a reflectir sobre as razões que levariam uma pessoa a aceitar tal humilhação e ainda a implorar para que a relação continuasse. As vozes acalmaram-se. Sosseguei. De repente ouço berros de desespero. Levanto-me e vou novamente à janela. Ele estava do lado de fora do carro a puxá-la para ela sair e ela não saía. Considerei que aquilo já era abuso físico e resolvi intervir. Vejo, incrédula, ele a puxá-la e a atirá-la para o passeio. Desço as escadas numa correria, desligo o alarme, acendo as luzes do jardim, abro o portão e ainda tenho tempo de a ver deitada em cima do capot do carro. Ele a ameaçar que vai arrancar e que passa por cima dela. Já ia a sair do portão quando o ouço dizer: "então entra no carro que eu levo-te a casa". Paro. Ela parece aliviada e já estava a dirigir-se para a porta do carro quando ele arranca. A rapariga grita, esbraceja, corre atrás do carro. Ele não volta. Ela senta-se no passeio. Vou perto dela e pergunto-lhe se ela quer que eu a leve a casa. Ela a chorar compulsivamente diz que não. Dou-lhe o meu telemovel e digo para ela ligar para alguém a vir buscar. Ela diz que não quer. Nela tudo é fúria agora. Diz-me: "se ele me deixou aqui é aqui que ele me vem buscar". Eu ainda começo com "não é boa ideia.. é melhor conversarem depois.. " Continuo a insistir que a levo a casa ou então para ela ligar para alguém. Não me parece que ela tenha mais que 16 anos. Excessivamente maquilhada, vestido de verão demasiado curto, stilletos. Digo para pelo menos, ela esperar por ele no meu jardim, para não ficar no meio da rua assim. Não adianta. Ela atira-me um "deixa-me sozinha". E eu respeito. Antes digo-lhe que se ela mudar de ideias para tocar na minha campainha. E regresso a casa. Enquanto estou a escrever este post a miúda continua sentada no passeio, sozinha e certamente com frio. O rapaz não voltou. Passaram alguns carros que abrandaram, talvez tomando-a como uma prostituta. Ela não desarma e continua ali. Demasiado orgulhosa agora. Como gostaria que ela tivesse sido mais orgulhosa há pouco na discussão. Como eu gostaria que fosse menos orgulhosa agora.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Cartas de Amor

Com letra cuidadosamente desenhada ou praticamente ilegível. Com recordações do passado ou projectos para o futuro. Marcadamente emotivas ou descaradamente racionais. Elaboradas como um poema ou de uma simplicidade desconcertante. Um simples postal ou o mais belo poema.

Podem ser tudo. Mas para valerem, para serem a sério têm de chegar no correio.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Cabeça de vento

CONSELHO PRÁTICO:
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Nunca, mas nunca deixem caducar os vossos documentos
(principalmente nas vésperas de fazer inscrição na Ordem dos Médicos e no exame de especialidade)...
Dá péssimo resultado...
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(Esta sou eu [em versão não-identificada :P] com uma senha da Loja do Cidadão do Porto, n.º .... ta-ta-ra-ta... 126.
Sim... a contagem começou no número 1....)
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sexta-feira, setembro 11, 2009

Confused



Este post é dedicado à semi que anda numa confusão mental em vésperas de escolha da especialidade que vai seguir.


O conselho mais acertado que posso dar é que NÃO faças os testes psicotécnicos das faculdades de medicina norte americanas.


Os meus resultados foram:


1- Medicina Aeroespacial (hã??? o que é isso???)

2- Anatomia Patológica (como é possível?)

3- Ortopedia (só podem estar a brincar comigo!)

4- Dermatologia (só pode ser uma piada... eu abomino dermatologia)



A cereja em cima do bolo foi mesmo que eu não tinha perfil para Medicina Interna, Anestesiologia ou Cardiologia. Fiquei estupefacta. Se calhar ando enganadinha de todo. Ou então aqueles testes não são assim tão fiáveis quanto querem parecer.



terça-feira, setembro 08, 2009

Lamentável

Do alto da minha arrogância, desprezo-o e insulto-o, chamando-lhe "chico esperto". Ele agradece, convencido que é um elogio.

Lamentável.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Serviço de Medicina

Hora do almoço, copa:

doente 1-Agora dizem que tenho al....al...
doente 2-....gusmina??
doente 3- ....gromina??
doente 4-....brumia?
doente 1-... bumina, parece que é isso!
doente2 -Isso não me parece nada bom! A mim dizem-me que tenho costrol no sangue e as tensões no sangue, mas a albumina nunca me disseram nada!
doente 1- ( A olhar de esguelha)
doente 2- E sabe como é que isso se apanha ?
doente 1- Diz que é de deitar água na sopa!
doente 2- Ai sim? Olhe que eu nunca botei!
doente 3- Eu de vez enquando boto, mas nunca me disseram da bumina!

:)

Serviço de Urgência

Ela: doutora M, doutora Mmmmmmmmmmmmmmmm. (em plenos pulmões)
Eu: Sim!
Ela:O doente que está a fazer reposição de potássio, é seu?
Eu: Meu?
Ela: Sim!
Eu: Não!
Ela: Sim!
Eu: Não!
Ela: Sim!
Eu: Quer uma bolachinha!
Ela: Não, bom apetite!
Ela: É seu?
Eu: Não!
Ela: Tem de ser!
Eu: Não é de certeza, mas posso ver de quem é!
Ela: Deve ser seu, mas veja lá!
Eu: Ora chama-se......
Ela: Au...
Eu:É da Dra. S.
Ela: Ah!

Acho fabuloso como a nossa vulnerabilidade é um pequeno passo para os outros nos espezinharem.

sábado, setembro 05, 2009

Podia dar-me para pior


Depois de vários anos com muita vontade e pouca coragem, finalmente inscrevi-me numa escola de danças de salão. A primeira aula vai ser só em Janeiro (circunstâncias da "vida harrisoniana") mas já estou ansiosa. Vai haver Rumba, Samba e Tango Argentino durante seis meses. Agora só me falta um par..

sexta-feira, setembro 04, 2009

Incêndios Florestais



Há algumas coisas que me chateiam (muito) no Verão. Uma delas é o jornalismo de reportagem sobre os incêndios florestais. Há sempre a informação de que as matas não eram limpas há anos e o olhar acusador para a pobre população da zona. Vivendo eu numa zona rural gostaria de explicar algumas coisas básicas que nenhum jornalista se digna a explorar:


1- A maioria dos terrenos florestais são pequenas parcelas que nem chegam a um hectar em terrenos íngremes e com acessos difíceis.


2- A maioria dos donos são trabalhadores rurais que "vivem da agricultura" e como tal têm rendimentos baixíssimos.


3- Para além dos rendimentos baixos e, devido à desertificação do interior, a maioria dos donos florestais são pessoas já idosas.


3- A natureza desses terrenos não permite uma limpeza mecanizada. É necessário trabalho manual na quase totalidade dos terrenos.


4- Contratar alguém para limpar uma mata é praticamente impossível. (Digo isto por experiência própria). Nem anúncios nos centros de emprego resultam. Não há pessoas disponíveis para fazer um trabalho tão árduo, nem com um salário bem superior ao salário mínimo.


5- Em muitos casos, o valor comercial do terreno é menor do que o que se pagaria a alguém para o limpar. O rendimento que um dono tira de uma pequena parcela de terreno é diminuto (vender meia duzia de árvores que demoram 20 anos a crescer não paga nem uma limpeza de 10 em 10 anos quanto mais uma limpeza anual). E há terrenos em zonas mais inóspitas que nem o rendimento de venda de árvores existe ou porque elas não crescem nessas zonas, ou porque são demasiado delgadas ou porque nem há acessos para as tirar de lá.


6- A limpeza de florestas tem de ser feita anualmente. No espaço de um ano a vegetação volta a crescer, principalmente nas zonas húmidas.


Tendo em conta, o que foi explicado acima apetece-me dizer que a ideia de limpeza das matas é só para lisboeta acreditar que é viável. E enquanto assim for, os incêndios continuarão ano após ano. Não interessam ideias que não podem ser postas em prática. Para quando o incentivo da reflorestação com árvores como os castanheiros que são resistentes ao fogo? Porque bem pior que ver uma área queimada é muito mais revoltante ver uma área que havia sido queimada e que agora é um eucaliptal. Eucaliptos que secam as zonas húmidas e que as tornam mais susceptíveis a incêndios. Eucaliptos que numa situação de incêndio ardem rapidamente e espalham facilmente o incêndio ao provocarem faúlhas leves que percorrem grandes áreas.


Muito raramente se ouvem propostas de reflorestação com árvores endémicas. Será porque sem eucaliptos não há indústria de celulose? E é este o preço que todos têm de pagar para alimentar a indústria da celulose?


Fica o desbafo de um (ite) revoltada com mais incêndios no horizonte.



Material de trabalho

Balanço dos últimos 3 meses. Imagino as voltas à cabeça que a senhora da papelaria deve dar sempre que lá vou comprar caixas de lápis de cor. Mas para que é que uma médica precisa de tantos lápis de cor?? Ora, ora! Para pôr o Harry bonito e mais "comestível". :)

O meu mundo até dia 19 de Novembro



Uma obra artística o meu livro de Cardiologia. Tão bem pintadinho!! Reparem no calendário com imagens de Barcelona para não desanimar muito, na quantidade de lápis de cor (depressa farto-me de uma cor) e da concha que serve para por as aparas do lápis (encontrada na praia da ilha do Farol no Algarve).

Toscana








Se pudesse morava aqui. Como não posso vou dedicar-me a tentar convencer as Limoas a passarmos uns diazinhos aqui para o ano. Quam sabe não nos cruzamos com o Clooney e ele não nos convida para um expresso italiano? :P

Ponte de Lima


Setembro... Está o tempo perfeito para uma caminhada pelas margens do rio Lima até às lagoas de Bertiandos. Começar o passeio nos jardins cuidadosamente planeados e executados do Festival Internacional de Jardins, continuar por entre campos de espigas de milho e vinhas maduras e, finalmente, submergir na folhagem densa e selvagem do parque de Bertiandos. E reflectir nesta extraordinária metafóra. Da Civilização à Natureza.

quinta-feira, setembro 03, 2009

2 Setembro 2009, 17h30

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Há animais que nos compreendem melhor que as próprias pessoas.

O Kikinho foi um deles.
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O sopro do coração

Juro que se ouvir alguém trautear esta música dos clã sou capaz de cometer um homicídio. E a culpa é da minha cabecinha que se tornou num vendaval com tantos sopros cardíacos.

Cansada




Tantos meses a estudar tem efeitos perversos. Como pagar 2 vezes a conta da internet e só depois reparar que uma das cartas era do vizinho. O pior mesmo é que paguei as duas contas ao mesmo tempo e nem estranhei serem ambas da internet e... serem de operadoras diferentes.


Ainda faltam 2 meses.