domingo, abril 30, 2006

Porthis citricola triunfa e Sportinghis citricola tenta triunfar

A bola de cristal oferecida pelo ilustre Eusébio nunca se engana e raramente tem dúvidas. A prova disso aconteceu na semana passada, onde ficou evidente a supremacia (virtual e ilusória, claro!), nesta época, da espécie de pulgões Porthis citricola sobre os limoeiros espalhados por Portugal e arredores. O ataque devastador foi preparado desde o início da época e culminou com esta vitória que, sublinhe-se, foi antecipada pela arbitragem. Foi pena, mas existem dias assim...

Agora segue-se o combate contra uma outra praga: o Sportinghis citricola. Neste momento, está com uma “ligeirita” vantagem de 2 pontos. Cá, em Vila do Conde, o adubo usado estava já fora do prazo, não tendo sido, por isso, eficaz. No entanto, como os bracarenses usam pesticidas muito potentes, é provável que os pulgões sejam finalmente neutralizados! Se tal não acontecer, paciência... Para o ano há mais...

segunda-feira, abril 17, 2006

A magia do futebol

Às vezes questiono-me porque é que gosto de futebol.
Começo a pensar nos jogos mal jogados, nas entradas maldosas e nas arbitragens tendenciosas. No mundo movido por interesses duvidosos, na falta de transparência e isenção, nos salários em atraso e na violência desportiva. Penso nas barbaridades que se dizem e são vergonhosamente aplaudidas e corroboradas. Recordo-me de injustiças cometidas, promessas não cumpridas e ilusões criadas mas raramente/nunca concretizadas.
No entanto, depois fecho os olhos e sei por que é que continuo a gostar. O futebol consegue mobilizar milhões de pessoas e tornar cada uma delas um adepto atento. São de diferentes idades, classes sociais e ideais. Consegue unificar o que a política ou a religião separam. Há antevisões de jogos, calorosas conversas de café e ”treinadores de bancada”. Existem hesitações, expectativas, emoção e explosões (coloridas) de alegria com cachecóis e bandeias serpenteando ao sabor do vento. Imagino dribles fantásticos, jogadas surpreendentes e defesas inacreditáveis. Penso em estádios majestosos, adeptos fervorosos e ávidos de vitórias. Penso em mim!!!

sábado, abril 15, 2006

Cansa-me...

Cansa-me a pontualidade dos segundos
Cansa-me a eternidade das rectas paralelas
Cansa-me o lamento ritmado do teu choro
Cansa-me a desgraça fatídica e destinada
Cansa-me o espelho de mim nos outros
Cansa-me a tatuagem dos outros em mim
Cansa-me a previsibilidade do que calo e grito
Cansa-me a vulgaridade prostituída das palavras
Cansa-me a certeza inviolável dos números
Cansa-me... este vazio de mim!

O Funeral Do Nosso Amor

“The pains of love, and they keep growin’,
In my heart there’s flowers growin’
On the grave of our old love
Since you gave me a straight answer”
The Arcade Fire

O Funeral do Nosso Amor

Impávidos, assistimos sem uma lágrima
Quietos, destilámos frustrações magoadas
Apáticos, esmagámos violetas murchas
Inertes, espalhámos cinzas de promessas
Dormentes, pintámos a saudade de púrpura
Apagados, queimámos incenso e poesia
Calados, ouvimos os lamentos dos sinos
Impassíveis, tecemos uma mortalha de intrigas
Indolentes, enterrámos sorrisos manchados de sal
Indiferentes, cobrimos com pó o desejo moribundo
Vazios, fingimos agradecer os pêsames alheios
Resignados, partimos viúvos de nós.

terça-feira, abril 11, 2006

Palavras

Palavras são apenas palavras.
Letras juntas e ordenadas,
orientadas segundo um cosmos.
Usadas para falar, para pensar,
expressar o que queremos.
O que sentimos, é difícil definir...
As palavras usadas tornam-se vulgares,
ficam vazias, ocas,
perdem o valor.
Transformam-se em traiçoeiros ardis:
podem significar tudo,
porém, não dizem nada...

Palavras são apenas palavras.
Têm um grafismo, uma fonética,
têm um corpo, uma face
... mas falta-lhes a alma...

segunda-feira, abril 10, 2006

Ontem

Hoje não quero sons,
metades retalhadas
ou sonhos quebrados.
Basta-me o gesto!

Hoje quero
arrancar ao tempo o passado.
Dilacerá-lo de tudo
e encontrar um outro ser.


Hoje, queria que fosse ontem….

quarta-feira, abril 05, 2006

A primeira história roubada

Não sei por que me lembrei de ti hoje. Talvez o carro velho cor de leite de creme encostado numa viela escura ou os desenhos de sereias espalhados pelo chão a anunciarem um novo salão de chá…talvez, talvez. A verdade é que surgiste no meu pensamento enquanto caminhava apressada naquela avenida ladeada por tílias que mascaram o peso do ar poluído. Lembrei-me de ti e da tua paciência quando me mostravas a beleza nos sítios mais improváveis…..como as tílias débeis no meio do betão. Lembrei-me dessa história infinitas vezes contada e outras tantas modificada. Contava-la para me abrandares da vertigem rápida de alguns dias, contava-la para me arrancares da lassidão preguiçosa de todos os outros dias, contava-la para me veres sorrir encantada ou ainda para me embrulhares ainda mais no meu já muito enrolado novelo interior. A tua partida foi como a tua chegada…, silenciosa, camuflada pela sombra da rotina de sempre. De ti pouco restou a não ser a memória da primeira vez em que me perguntaste "sabes por que razão o amor é cego e louco?" ….ah como eu te agradeço por não teres desistido perante o meu olhar impaciente a roçar a ironia. Apaixonei-me naquele instante em que a serenidade açucarada da tua voz parecia perguntar a banalidade mais cinzenta do mundo como "sabes onde deixei a tela e os pincéis?" (...)

O direito ao sonho

Sonhar é inato. Faz parte da condição humana. Só sonha quem vive, quem acredita, quem tem fé.
Mais de metade (sim, mais de metade) dos portugueses está neste momento a sonhar... Sonham com o que poderá ser e o que não deverá acontecer. Sonham com os golos, imaginam as defesas. Sonham com o estremecer das redes adversárias, com as explosões de alegria. Sonham e anseiam a vitória!
Evitam pensar nos erros defensivos, nos passes falhados e nos contra-ataques mal delineados. Afastam a ideia de foras-de-jogo inexistentes e faltas perdoadas ao adversário. Evitam pensar na derrota!
O resto dos “portugueses” simplesmente não tem sonhos europeus.
Faço votos para que no final do jogo, hoje, prevaleça a felicidade. Que no rosto de todos os adeptos lusitanos (os verdadeiramente portugueses) fique estampado um sorriso de satisfação! FORÇA!!!

terça-feira, abril 04, 2006

No espelho que olho
Olho-te…
Olho-me?
Quem és tu?
Feições baças de
contornos desamparados
movem-se na sombra.
Inerte ao passar do tempo
aguardas, calando a ira e o vazio.
Em, cada luta renunciada,
quem és tu?
Vidros partidos
sujos, mortos,
sangrados da cor viva
reflectem desejos de ser ocultos.
A vida prende-se
ali naquele fugaz reencontro
ou desencontro de mim para comigo
ignoro-te…
Como se pudesse…
Sempre estiveste por aí…nunca me viste.
Nunca me vi.



Porque há dias que são mais dias que outros, para ti P....

sábado, abril 01, 2006

E o Fado do Limão está lançado...

Nome: Limão Apenas
Mãe: a gata Maria Francisca Mafarrica
Pai: o Peter Pan
Padrinho: o Manel do carrinho de gelados
Madrinha(s): três fadas inexperientes (a fada Sininho recusou o convite)
Sina: Chegou sem garantia, livro de instruções ou destino traçado. As madrinhas fizeram um esforço enorme de adivinhação:

Fada lemon(ite)……Serás ensombrado pela maldição deste dia. Sucessivos enganos de vidas roubadas e histórias emprestadas marcarão a tua existência. Irás morar nesse espaço ingrato e indistinto que é a fronteira entre o sonhado e o vivido. Terás uma alma de mármore onde guardarás as palavras demasiado difíceis para serem ditas. Dar-te-ei fogueiras e glaciares e todas as cores que quiseres. Amarás ingenuamente esse mundo infinito que eu inventei para ti! Plim!
Fada semi-lemon…... Na busca e procura constante de todos os erros que indolentes se me escapam fugidios como as maiores verdades. Essas que se aninham nas mentiras deste dia. Plim!
Fada lemon sees the light…...Vejo, na minha águia de cristal (oferecida pelo ilustre Eusébio) que terás uma vida muito sumarenta e doce. Não te livrarás, porém, dos pulgões e afins que te tentarão dizimar mas sem sucesso! Serão difíceis de eliminar este ano. As espécies mais perigosas são o Porthis citricola e o Sportinghis citricola. Estas pragas apenas estão a atacar em Portugal, uma vez que na Europa não há registo de limões afectados. Emigrarás para Liverpool onde há uma grande comunidade de limões como tu. Aí conhecerás a limoa da tua vida e terão muitos rebentos. Em Agosto, com o calor, os pulgões morrerão e voltarás para Portugal e por cá irás prosperar épocas e épocas seguidas! Do alto do limoeiro verás, então, a Luz em todo o seu esplendor... uma luz brilhante, vermelha e infindável! Plim!