Contribuição para a estatística
“Em cada cem pessoas:
Sabendo tudo mais que os outros:
-cinquenta e duas,
inseguras de cada passo:
-quase todas as outras,
prontas a ajudar desde que isso não lhes tome muito tempo:
-quarenta e nove, o que já não é mau,
sempre boas porque incapazes de ser de outro modo:
-quatro, enfim talvez cinco,
prontas a admirar sem inveja:
-dezoito,
induzidas em erro por uma juventude, afinal tão efémera:
-mais ou menos sessenta,
com quem não se brinca:
-quarenta e quatro,
vivendo sempre angustiadas em relação a alguém ou a qualquer coisa:
-setenta e sete,
dotadas para serem felizes:
-no máximo vinte e tal,
inofensivas quando sozinhas, mas selvagens quando em multidão:
-isso, o melhor é não tentar saber mesmo aproximadamente,
prudentes depois do mal estar feito:
-não mais do que antes,
não pedindo nada da vida excepto coisas:
-trinta, mas preferia estar enganada,
encurvadas, sofridas, sem uma lanterna que lhes ilumine as trevas:
-mais tarde ou mais cedo, oitenta e três,
justas:
-pelo menos trinta e cinco, o que já não é mau,
mas se a isso juntamos o esforço de compreender:
-três,
dignas de compaixão:
-noventa e nove,
mortais:
-cem por cento, número que de momento, não é possível mudar.”
Wislawa Szymborska
quinta-feira, maio 25, 2006
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2 comentários:
Em cada cem pessoas
- quantas vaguearão perdidas dentro de um limão?
-três ao todo, porém, quem sabe mais...
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